Herpes Zoster

José Carlos Campos Velho

Popularmente conhecido como cobreiro e, de forma errônea, associado ao contato com a urina de sapos, o herpes zoster é uma infecção viral causada pelo vírus varicela-zoster. Trata-se do mesmo vírus responsável pela varicela “catapora” que permanece adormecido após a infecção aguda, alojado em raízes nervosas, podendo manifestar-se tardiamente, especialmente na velhice ou em situações de comprometimento do sistema imunológico.


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O Ministério da Saúde do Brasil (MS) está planejando tornar a vacina contra o herpes zoster disponível no SUS a partir de 2026. Conforme palavras do ministro Alexandre Padilha, divulgadas no site do Conselho Federal de Farmácia: “Temos a incorporação dessa vacina como uma de nossas prioridades. Podemos avançar com campanhas amplas para garantir acesso àqueles que precisam. O SUS está trabalhando para isso.”


É interessante observar que o MS vem adotando uma política de imunizações compatível com a nossa história. O Brasil sempre teve uma postura de vanguarda em suas abordagens às questões vacinais, e sua Política Nacional de Imunizações tem sido exemplar, sendo inclusive referência para outras nações. Apesar de, recentemente, ter havido certa claudicação nas políticas oficiais em relação às vacinas, felizmente essa fase foi superada por uma proposta mais alinhada à ciência. As evidências científicas mostram que as vacinas são eficazes e seguras, e que seu fornecimento à população de forma ampla e gratuita traz benefícios incontestáveis.


Ceticismo

Infelizmente, o atual Secretário de Saúde dos Estados Unidos da América, Robert Kennedy Jr., é conhecido há longa data por sua postura cética em relação às vacinas, o que pode trazer repercussões negativas à saúde global. Declarações de autoridades com convicções antivacinas em países centrais acabam servindo como referência para nações mais vulneráveis. Um exemplo disso foi o grave surto de sarampo ocorrido em Samoa, um país de 200 mil habitantes, onde, em 2019, registraram-se 5,7 mil casos e 83 mortes, em sua maioria de crianças. Conforme correspondência publicada na revista inglesa The Lancet, em janeiro de 2025, Robert Kennedy Jr. havia visitado o país recentemente, reforçando ideias que contribuíram para a hesitação vacinal. 


A hesitação vacinal não significa apenas a recusa de vacinas. Muitas vezes envolve dúvidas, atrasos ou a escolha de tomar algumas vacinas e deixar outras para depois, resultando em risco de infecção e disseminação de doenças imunopreveníveis. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a hesitação vacinal está entre as dez principais ameaças à saúde global (Ministério da Saúde do Brasil).


Sintomas pouco específicos

O herpes zoster pode ter seu diagnóstico retardado, pois os sintomas iniciais são pouco específicos, como dor inexplicável e febre. Embora exames laboratoriais possam confirmar o diagnóstico, este geralmente é feito com base no exame clínico, dada a presença de lesões bolhosas extensas que seguem um dermátomo. O herpes oftálmico é uma das manifestações mais graves, podendo afetar a visão. A dor costuma ser lancinante e, se não tratado precocemente com antivirais adequados, o quadro pode evoluir para a temida nevralgia pós-herpética, uma condição dolorosa que pode durar meses ou até anos.


Trata-se, portanto, de uma doença muito incômoda, com raras, mas possíveis, complicações fatais, como a síndrome de Reye, além de potenciais complicações neurológicas graves.


Tanto as estratégias de vacinação contra a varicela na infância quanto a vacinação contra o herpes zoster na vida adulta são formas efetivas de prevenção. Ainda que não impeçam completamente a doença, essas vacinas costumam atenuar as manifestações clínicas e, possivelmente, prevenir complicações.
E quem é mais afetado? Pessoas com a imunidade comprometida – como pessoas vivendo com HIV, pacientes oncológicos e indivíduos com doenças autoimunes – além dos idosos. Estes são, portanto, os grupos prioritários para a vacinação.


A inclusão da vacina contra o herpes zoster na Política Nacional de Imunizações é muito bem-vinda. Agora, não apenas as crianças têm um calendário vacinal: os idosos também têm.

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